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[Primeiras Impressões] Fomos à China e andamos nos Zeekr 001 e 007

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Crossover da marca que pertence ao grupo Geely chega em setembro; sedã tem lançamento previsto para 2025; confira o que achamos dos modelos

Por Marcus Celestino
De Hangzhou, China

Ao avaliar um carro, o jornalista automotivo atua de modo similar a um crítico musical; ou cinematográfico. Ele, usualmente, assume que tem a capacidade de suplantar qualquer tipo de viés e de acomodar as nádegas em algum assento para destilar amores e impropérios sobre algum produto. Brada uma armadura de enredo e tenta fazer com que você, leitor, seja cooptado pelo lado sombrio da força.

E é aí que quebra a rocha. Até mesmo porque, o apreço por um carro, música ou filme é, em absoluta maioria, subjetivo. Todavia, há unicórnios, exceções à regra. Um deles será abordado abaixo.

Justamente por isso que eu, jornalista automotivo, peço encarecidamente que concorde comigo, ao menos desta vez, logo de cara. Vamos lá. É o seguinte: por ora, o 007 é o carro mais legal que a Zeekr trará para o Brasil.

A marca, que pertence ao grupo Geely, venderá inicialmente no país os modelos X (também avaliado por Autos Segredos) e 001 – sobre o qual falaremos neste texto. Já o 007, melhor e mais equilibrado dos veículos que a Zeekr irá comercializar no país, chega em 2025.

O repórter, nesta matéria, não terá quaisquer tipos de viés. Garante ainda que não acomodou as nádegas em algum assento para destilar amores e impropérios sobre preferidos e malfadados. Digitou a avaliação abaixo de pé: não como um monarca, mas sim como um usuário do metrô paulistano durante o rush.

Mentira.

Além de bem acomodado, bebericava uma bela IPA, feito bom burguês, enquanto digitava as linhas abaixo. Tudo isso em um quarto de hotel extremamente confortável em Hangzhou, capital da província de Zhejiang, na China.

Justamente por isso, deixo com vocês algo similar a um ensaio. A um magnum opus de autor medíocre. Explicarei, com um quê de petulância, os motivos pelos quais admirei o Zeekr 007, arquirrival do BYD Seal. Ah. Também discorrerei de modo insípido sobre os pormenores do 001 – um (bom) crossover que tenta, até dizer chega, emular traços de shooting brake.

Zeekr 001: de volta às origens

O 001 é o primeiro modelo da história da Zeekr. Nasceu como projeto conceitual da Lynk & Co e, posteriormente, migrou para a marca mais descolada. É um modelo que, visualmente, tem uma pegada de shooting brake – perua que casa elementos de cupê. Embora tenha dimensões similares às do Tesla Model S, dispõe de design que remete a modelos de uma certa montadora de origem alemã.

Dirigimos o 001 no autódromo internacional de Ningbo. Antes de tecer comentários sobre dinâmica, vale frisar que o interior do modelo, assim como os de outros Zeekr, tem acabamento esmerado. Todavia, vale aqui reforçar a mesma crítica que fiz acerca do SUV X: praticamente tudo deve ser resolvido por meio da central multimídia de 15,4 polegadas e a ausência de botões físicos incomoda um bocado. Para completar, o crossover dispõe de head-up display, painel de instrumentos digital de 8,8 polegadas, pacote ADAS e outros itens de segurança e conveniência.

Com 3 m de entre-eixos e 4,95 m de comprimento, o veículo oferece espaço mais do que suficiente para condutor e passageiros. Importante destacar que o crossover é feito sobre a plataforma SEA; mais especificamente a SEA1. É a mesma utilizada, por exemplo, pelo Polestar 4. A arquitetura de 800 V, com bateria de 100 kWh, garante ao 001 autonomia de 580 km no ciclo WLTP.

A versão de entrada do 001 dispõe de um motor traseiro que entrega 421 cv de potência. No Brasil, contudo, a Zeekr venderá configuração com dois propulsores. Combinados, estes rendem 789 cv e ajudam o crossover a fazer o 0 a 100 km/h em 3,3 segundos.

Ao volante, o 001 se mostra menos “molenga” que o X. Isso se dá por conta do grande entre-eixos e pela suspensão a ar adaptativa. Não há tanta rolagem da carroceria quanto no caso do SUV. No entanto, o acerto ainda prima pelo conforto. Embora dono de números expressivos, o crossover, pelo menos nesta configuração, não é um carro afeito aos autódromos.

Zeekr 007: o mais divertido

O primeiro carro que tive a oportunidade de guiar na pista de Ningbo acabou sendo, definitivamente, o mais legal de todos. E olha que deixei por último o 001 FR, configuração envenenada do 001 com 1.265 cv de potência e 130 kgfm de torque, por achar que este me deixaria com um baita sorriso no rosto. Feliz, claro, eu fiquei. Só que não me diverti tanto quanto com o 007.

E aí, já posso tirar logo certa tentativa de piada da cartola: o 007 me divertiu tanto quanto “Cassino Royale”, filme de 2006 estrelado por Daniel Craig. Craig protagoniza a película, e interpreta… Ora, você sabe muito bem quem Daniel Craig interpreta em “Cassino Royale”.

Na China, o Zeekr 007 tem a ingrata missão de disputar terreno com o Xiaomi SU7. No Brasil, rivalizará com o BYD Seal. Em termos de dimensões, o sedã tem 2,92 m de entre-eixos, 4,86 m de comprimento, 1,9 m de largura e 1,45 m de altura.

Seu design é futurista. Embora interessante, o visual concebido pela equipe de Stefan Sielaff tem apenas um ponto negativo: o tempo. Tamanha fluidez no conceito pode fazer com que o projeto não envelheça tão bem. Mesmo assim, sua beleza é admirável.

Destaque para a dianteira, com uma tela de 90 polegadas composta por 1.711 LEDs capaz de apresentar textos, animações e desenhos algo similares a emojis. Chamada de Stargate, é oferecida como opcional. O painel fica posicionado acima dos estreitos faróis e é, de fato, a grande vedete do 007.

Na seara tecnológica, ainda temos um sistema de som externo que pode tocar música ou até servir de megafone. Isso porque o condutor pode, por meio dos alto-falantes, se comunicar com que não está no habitáculo.

Voltando ao design, o vidro traseiro que vai do porta-malas até a metade do carro dá ao 007 ainda mais caráter. O interior também tem visual limpo. O acabamento, por sua vez, é uma belezura. Há materiais suaves ao toque por todos os lados. Dependendo da configuração, temos couro Nappa. Único senão vai para, assim como em todos os outros modelos da Zeekr, ausência de botões físicos.

Ao volante, o 007 é extremamente divertido. Por se tratar de um sedã de mais de 2,1 toneladas, esperava algo um pouco diferente. No entanto, atacou com vigor as curvas do autódromo de Ningbo. Ainda propiciou algumas “traseiradinhas” bem legais – sinal de que todos os seus pormenores eletrônicos interferem menos na tocada que nos outros Zeekr.

O sedã vem com motor traseiro que entrega 422 cv de potência e 44,9 kgfm de torque. No Brasil, será comercializada configuração com duplo propulsor e 646 cv e 72,4 kgfm. Ao contrário dos demais modelos da marca, sua direção direta e a suspensão adaptativa com eficientes amortecedores magnéticos lhe garantem mais controle e firmeza.

Graças ao supracitado, o 007 tem uma condução ágil e bastante divertida. É um carro que fica a todo o tempo na mão (por causa de suas assistências eletrônicas) sem que tenhamos a sensação de algum tipo de interferência.

Assim como os outros Zeekr, o sedã é feito sobre a plataforma SEA. O 007 dispõe de duas opções de baterias: uma de lítio-ferro-fosfato (LFP) de 75 kWh e uma NMC de 100 kWh. Equipado com a última, o modelo tem autonomia de 770 km no quase utópico ciclo chinês.

Na China, a versão mais cara do 007 é comercializada por cerca de 335 mil yuan. Em conversão direta, tal equivale a R$ 261,3 mil. Atualmente, o Seal, seu adversário em nosso país, é vendido por aqui a partir de R$ 299.800.

Melhor que o Seal o 007, definitivamente, é. Resta saber se os consumidores concordarão com essa afirmação petulante feita pelo repórter. Resta saber se comprarão a ideia e, por conseguinte, o produto.

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