Saiba tudo sobre o Chevrolet Tracker que disputará as provas da categoria a partir de 2025

Por Alexandre Carneiro

Depois de três décadas, a principal categoria do automobilismo brasileiro aposentará os sedãs. As provas Stock Car Pro Series, que utilizam esse tipo de veículo desde 1994 (ano em que o Omega estreou nas pistas, já que o antecessor Opala corria com carroceria cupê), passarão a ser disputadas com SUVs a partir de 2025. Os carros já estão definidos: Chevrolet Tracker, Toyota Corolla Cross e Mitsubishi Eclipse Cross. Pode ser que um quarto modelo, de outra marca, também se alinhe junto aos demais no grid quando a próxima temporada começar.

Isso é uma má notícia? Para piloto e especialista consultados pela reportagem, a resposta é não. Isso porque o novo carro da Stock Car Pro Series promete vários avanços: o Tracker, que já está pronto, tem se mostrado bem mais rápido que o Chevrolet Cruze e o Toyota Corolla utilizados atualmente. 

“O carro vai ser, sem dúvidas, uns 3, 4 ou 5 segundos mais rápido do que o carro de hoje”, pondera Felipe Massa, piloto da equipe TMG Racing da Stock Car Pro Series. “É um carro que tem um conceito completamente diferente, no acerto e no balanço em geral”, avalia.

O comentarista e jornalista especializado Reginaldo Leme também destaca as grandes mudanças nos veículos da temporada 2025. “Na stock car, é um carro de stock (de produção em série) que vira um carro de corrida. Esse aí (o novo modelo) já vai nascer um carro de corrida. Ele vai ter tudo de melhor, de mais alto gabarito, que os carros atualmente não têm; categoria nenhuma tem”, sintetiza.

Reginaldo Leme explica que as mudanças resultarão em avanços não só em desempenho, mas também na segurança da Stock Car Pro Series: “é um carro muito mais evoluído”. Para exemplificar, ele cita o chassi dos veículos da temporada 2025. 

Como é o novo carro da Stock Car Pro Series?

O chassi mencionado pelo jornalista se chama DP980R e é confeccionado em aço, especialmente desenvolvido pela Arcelor Mittal para a categoria. Essa base será a mesma para todos os veículos da Stock Car Pro Series. O que diferirá o Chevrolet Tracker do Toyota Corolla Cross e do Mitsubishi Eclipse Cross é a carroceria. 

Na verdade, trata-se de uma bolha feita em material compósito, que mescla fibra de carbono, fibra de vidro, aramida e kevlar. Tal carenagem é mais baixa e larga que as dos SUVs comercializados nas lojas, de modo a otimizar o desempenho na pista.

Esse, aliás, é um dos pontos em que os carros da temporada 2025 da Stock Car Pro Series mais se distanciam dos modelos atuais. É que o Chevrolet Cruze e o Toyota Corolla que, hoje, disputam as corridas empregam o monobloco dos similares produzidos em série, porém devidamente reforçado com uma estrutura tubular. Assim, a partir do ano que vem, os bólidos da categoria não terão mais qualquer item em comum com os veículos que circulam pelas ruas.

Os fãs mais puristas da Stock Car Pro Series podem torcer o nariz para essa mudança, mas a questão é que foi justamente o reprojeto completo dos veículos que permitiu uma melhora tão grande em desempenho. Reginaldo Leme salienta que, em termos de proteção aos pilotos, os novos carros da categoria também deram um salto, atendendo, inclusive, a todas as exigências da FIA. “Você não imagina o quanto é mais seguro”, explica. “É questão de segurança, que é indiscutível”, conclui.  

Sai motor V8 aspirado, entra quatro cilindros turbo

O outro ponto que muda de maneira drástica nos novos carros da Stock Car Pro Series em relação aos atuais é o motor. Enquanto, hoje, os bólidos são movidos por um V8 6.8 a gasolina, de aspiração natural, a partir do ano que vem a categoria entra, literalmente na era turbo, com a adoção de um 2.1 de quatro cilindros sobrealimentado. A mudança não resultou em perda de potência: ambos desenvolvem cerca de 500 cv. 

A vantagem é que, graças ao motor de menor deslocamento e também ao novo chassi, houve uma redução expressiva de peso , na ordem de 250 kg. Some-se a isso um aumento da carga aerodinâmica sobre a carroceria, devido à adoção de um aerofólio móvel feito em fibra de carbono. Pronto, está explicada a maior performance do novo carro da Stock Car Pro Series. 

Outros componentes seguem as características técnicas já vistas nos bólidos do campeonato atual, entre os quais os freios de competição, com seis pistões nas rodas dianteiras e quatro nas traseiras, além do câmbio de seis marchas com dupla embreagem e trocas sequenciais, por meio de borboletas no volante: o posicionamento permanece junto ao eixo traseiro, que é o motriz. Já a suspensão mantém a arquitetura independente com braços triangulares e amortecedores ajustáveis, mas o projeto mudou para permitir a fixação no novo chassi.

Até em aspectos mais minuciosos, há evoluções. Na parte eletrônica, o carro do campeonato de 2025 da Stock Car Pro Series exibirá uma telemetria muito mais apurada, por meio de conectividade 5G. No cockpit, três câmeras permitirão uma visão em 360 graus durante as corridas. 

De quebra, o piloto terá um pouco mais de conforto, já que a temperatura interna será sensivelmente menor: nos bólidos atuais, ela chega a 60°C durante algumas corridas. Vale lembrar que, como já acontece hoje, até mesmo os veículos de marcas distintas seguirão compartilhando as mesmíssimas características técnicas. 

Frente a frente com o novo carro da Stock Car Pro Series

Este jornalista viu de perto o Chevrolet Tracker da temporada 2025 durante a etapa de Belo Horizonte da Stock Car Pro Series. Foi a primeira prova na qual o veículo andou pelo circuito, mas ainda para fins de publicidade, sem disputar a competição. Tal qual os modelos do campeonato deste ano, o cockpit é um local de trabalho, sem forrações nem painel. O piloto se senta em um banco do do tipo concha, bem baixo, e manuseia um volante multifuncional com abas laterais.

Por fora, fica nítido que os traços do Tracker são, na verdade, uma estilização do similar produzido em série. A carroceria é muito baixa: a altura se assemelha à dos sedãs da temporada atual. Consequentemente, a silhueta chega a lembrar mais uma station wagon que um SUV. Ainda assim, elementos identitários como para-choques, grade, faróis, lanternas e capota com três colunas permitem uma associação imediata com o modelo de rua. No fim das contas, o novo carro da Stock Car Pro Series deve manter o apelo de marketing, fundamental para qualquer categoria de automobilismo.

Foto principal | Chevrolet/Divulgação 

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