Linha 2025 das vans leves chega ao mercado com preços entre R$ 211.990 e R$ 217.990
Por Julio Cabral
Traduzido do inglês badge engineering, o termo engenharia do emblema diz respeito a modelos que são quase que iguais entre si, variando apenas o símbolo do fabricante e pequenos detalhes. É o movimento que vemos no projeto da van leve do grupo Stellantis, veículo vendido como o Citroën Jumpy, Fiat Scudo e Peugeot Expert 2025 – ainda há versões da Opel e… Toyota! Lançada em 2017 no Brasil, a atual geração dos utilitários passou pelo seu primeiro facelift na linha 2025, uma atualização que inclui alterações de estilo e itens.
Como quase tudo de um negócio é dinheiro, vamos antes aos preços. Independentemente da marca que vestem, as vans estão disponíveis em configurações para carga e passageiros. As primeiras começam em R$ 211.990, valor que sobe para R$ 217.990, se o objetivo é levar somente pessoas.
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Os valores passaram a ser alinhados entre eles, mas com aumentos em relação ao ano-modelo anterior. O Jumpy furgão 2025 custava R$ 207.990, enquanto a configuração para passageiros, chamada de Vitré (vidro, em francês) era vendida por R$ 213.990, os mesmos preços do Scudo carga e o Multi. Já o Expert partia de um pouco mais, começando em R$ 210.990 e chegando aos R$ 216.990.
Também há os elétricos E-Jumpy e E-Expert, ambos vendidos por R$ 334.990 atualmente. As configurações elétricas poderão ser encomendadas ainda neste mês nas concessionárias, entretanto, ainda não foram divulgados os novos preços.
Ao contrário dos modelos 1.5 turbodiesel, os elétricos são importados da Europa, e não do Uruguai, onde são montados os utilitários vendidos no Brasil.
Lançar o mesmo carro com três diferentes marcas pode parecer um contrassenso, entretanto, a canibalização não é algo que preocupa a Stellantis. O lançamento simultâneo é um ponto que ajuda a mitigar as preocupações.
“O cliente muitas vezes já tem um relacionamento com a concessionária e essa marca tem um line up onde o cliente tem algumas necessidades que ele não necessariamente precisa mudar de marca para encontrar, se a gente consegue oferecer um line up completo. É uma estratégia de cobertura planejada, pensada e que não vai dar um risco de briga, canibalização, porque cada concessionária já tem a sua base de cliente, cada marca já tem o seu posicionamento. Se a gente pensar nisso desde o lançamento e planejar, a gente minimiza qualquer risco”, afirma Alexandre Aquino, vice-presidente da Fiat para a América do Sul.
Os retoques são pontuais e se diferenciam um pouco entre eles, especialmente na parte do escudo frontal. O Jumpy 2025 tem o símbolo da Citroën e uma pequena régua de plástico escuro que simula uma entrada de ar. O Expert ostenta a logo da Peugeot circundada por pequenas ranhuras que remetem às garras de um leão. Já o Scudo exibe o nome Fiat em destaque, adotando um estilo que evidencia a entrada de ar estilo bocão no para-choque, sem aquela grade do anterior.
Aproveitando que falei dele, o conjunto da peça agora tem novo estilo. De acordo com a Stellantis, a peça é mais fácil de reparar, um argumento valioso em um segmento em que os veículos estão ainda mais expostos a danos. Dentro do mesmo objetivo, há sensores de estacionamento traseiro. Nem sempre os amplos retrovisores bastam para dar conta de manobras de estacionamento.
Os faróis são novos, mas não adotaram a iluminação de LEDs presente nos modelos europeus reestilizados. Na Europa, a distinção entre eles é mais fácil, uma vez que os faróis adotam assinaturas de LED diferentes. Um teste de DNA é dispensado.
As demais mudanças foram igualmente pontuais. Entre elas, podemos destacar a adoção de direção com assistência elétrica para os novos Fiat Scudo, Peugeot Expert e Citroën Jumpy 2025. Foram adicionados sensores de luz (acende os faróis automaticamente em situações de baixa luminosidade) e chuva (aciona os limpadores de parabrisa em caso de precipitação).
Estruturalmente, mudam as partes internas das portas dianteiras, o trilho da porta lateral corrediça e outros reforços. Embora a alteração ajude na proteção de impactos laterais, há apenas airbags frontais, não são oferecidos sidebags. O pacote é completado por controles eletrônicos de tração, de estabilidade e hill holder (segura o freio por alguns segundos para facilitar a arrancada em rampas).
Ao entrar na cabine, alguns pontos são novos. Entre eles, o que chama mais atenção é o novo volante multifuncional de quatro raios, com coluna de direção ajustável em altura e profundidade. O banco do motorista pode ser ajustado em altura, além de contar com novo apoio de braço. Há espaço para outros dois passageiros na primeira fileira, apenas o central será apertado pela alavanca de câmbio. Os revestimentos dos assentos e os painéis internos das portas foram renovados.
Infelizmente, não há uma central multimídia propriamente dita, apenas um sistema de som com visor de 5 polegadas sensível ao toque para os novos Fiat Scudo, Peugeot Expert e Citroën Jumpy 2025. O painel digital tem mostradores de LCD personalizáveis, uma solução um pouco mais simples do que uma tela digital inteiriça. Há uma grande quantidade de porta-objetos, nichos que oferecem, juntos, 41,5 litros de capacidade.
São toques que facilitam a lida no dia a dia, porém, facilitaria ainda mais se houvesse o mesmo pacote disponível para as vans vendidas na Europa. Por lá, não apenas a central multimídia de nova geração e o painel digital inteiriço de 10 polegadas estão disponíveis, como também auxílios de direção ativa, tais como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática, leitura automática de placas, assistente de centralização de faixa, sensor de estacionamento dianteiro, câmera, ar-condicionado de duas zonas (convencional aqui), carregador de celular sem fio, entre outros. No velho continente, os modelos contam com configurações que vão além do papel de trabalho, o que permite um nível maior de equipamentos.
Uma outra novidade é o sistema de conectividade de gestão e monitoramento da frota, chamado de Connect Fleet (Citroën), Connect Me (Fiat) e My Peugeot Pro (Peugeot, obviamente). A tecnologia permite ao cliente monitorar diferentes parâmetros, tais como quilometragem, localização, momento da partida, rastreamento e velocidade. A telemetria marca dados como aceleração, frenagem e força G nas curvas. Também é possível criar uma “cerca eletrônica” para demarcar um perímetro pré-estabelecido, evitando desvios. Como é comum em pacotes de conectividade, é possível localizar o veículo em caso de roubo ou furto. O recurso será oferecido gratuitamente por um ano.
A plataforma modular EMP2 é a mesma nas três, como não poderia deixar de ser. É uma construção monobloco, não há chassi destacado da carroceria.
Da mesma maneira, o motor 1.5 turbodiesel é compartilhado pelos novos Fiat Scudo, Peugeot Expert e Citroën Jumpy 2025. Com quatro cilindros e disposição transversal, o propulsor rende 120 cv e 30,6 kgfm de torque a 1.750 rpm, números razoáveis para a litragem. Para atender os limites de emissões, os veículos usam o AdBlue, uma mistura de ureia e água desmineralizada que auxilia na redução de emissões de óxido de nitrogênio.
O câmbio é manual de seis velocidades – um automático ainda não está disponível – e a tração, por sua vez, se concentra nas rodas dianteiras. É um arranjo semelhante ao dos automóveis, incluindo até suspensões dianteira e traseira independentes.
A aceleração de zero a 100 km/h é cumprida em 12,7 segundos em todas as versões oficiais, enquanto a velocidade máxima é de 160 km/h. Curiosamente, o consumo é o mesmo na cidade e na estrada: 11,9 km/l de diesel. O tanque tem 69 litros, permitindo autonomia máxima de 821 km.
Semelhantes às de uma picape média, as dimensões marcam 5,33 metros de comprimento, 2,20 m de largura (com espelhos) e 1,97 m de altura, suficiente para passar com folga por estacionamentos, pois a altura mínima permitida é de 2,10 m. O entre-eixos de 3,27 metros permite espaço razoável para 11 ocupantes ou 6,1 m3 de volume de carga.
Tão importante quanto o tamanho é o peso. Por terem menos de 3,5 toneladas de peso bruto total, as vans podem ser dirigidas por pessoas com habilitação B. Somado a isso, o segmento é isento de restrições de circulação de veículos comerciais mais pesados, uma vantagem em centros urbanos como São Paulo.
A capacidade de carga é de 1.450 kg para os Fiat Scudo, Peugeot Expert e Citroën Jumpy 2025. No Brasil, há apenas porta corrediça do lado direito, mas as portas de trás têm travas que liberam a abertura em 180 graus, o que facilita o processo de carga e descarga, especialmente em lugares mais apertados, uma condição longe de ser incomum nas cidades.
A Stellantis homologou sete empresas diferentes para fazer a transformação dos modelos Scudo, Expert e Jumpy para missões específicas, entre elas a de ambulância, oficina mecânica móvel, transporte de pessoas com deficiência e até motorhome. Além da versão de 11 ocupantes (minibus), há opção executiva para sete passageiros e um motorista, um arranjo que pode transformar o trio em minivans, um mercado em que sobrevivem apenas carros mais sofisticados e raros, exemplo da Kia Carnival (R$ 649.990), e ainda preservar 850 litros no porta-malas. Como são homologadas, as alterações não perdem a garantia total de 3 anos.
“Hoje, se pegarmos o mercado total, 3% do mercado são vans. Desses 3%, 16% são vans desse tamanho. O limite do crescimento desse segmento está na nossa criatividade de criar soluções para os clientes”, explica Aquino. “Quanto mais possibilidades de transformações e configurações, mais pessoas a gente vai conseguir atrair. E é isso que vai ser o grande ‘drive’ do segmento”.
Outra força motor é a ampliação do comércio eletrônico. De acordo com a Stellantis, o aumento foi de 150% nos últimos cinco anos, com 60% de conversão de vendas com entregas sob demanda. É o que eles chamam de “era de ouro” do last mile – ou última milha/quilômetro -, a entrega na sua ponta final, um processo que costuma ser completado por vans menores. O aumento do turismo e o alto percentual de empreendedorismo do país são outros pontos citados.
Foto principal | Peugeot/Divulgação
