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Ao volante: Volkswagen Gol 1.6 I-Motion é tradicional no mercado e na mecânica

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Transmissão automatizada contrasta negativamente com o conjunto, que revela bom acerto entre motor, suspensão e direção; pacote Trend também poderia ser mais amplo

vwgol.1649Dirigir um Gol é uma experiência que normalmente não costuma revelar surpresas. Presente no mercado brasileiro desde 1980 e detentor do título de automóvel mais vendido há quase duas décadas, ele é mais do que conhecido por jornalistas e pelo público, apesar de já ter passado por várias mudanças de projeto. A versão Trend I-Motion que avaliamos, contudo, quebrou o clima de cumplicidade por causa do câmbio automatizado: apesar de poupar o pé esquerdo, o sistema se mostrou desconfortável. É pena, pois no mais, o conjunto mecânico do hatch apresentou comportamento acertado.

vwgol.1648Como quase tudo no Gol, a mecânica é bastante conhecida. O motor, um 1.6 de quatro cilindros, entrega 101 cv com gasolina e 104 com etanol, sempre a 5.250 rpm. A construção é tradicional, com cabeçote de alumínio, bloco de ferro fundido  e oito válvulas, com comando fixo e movimentação por correia dentada. Trata-se de um propulsor com mais de uma década de estrada, que não consegue esconder suas rugas diante de alguns concorrentes. Por outro lado, oferece algumas vantagens como funcionamento suave, fama de facilidade de manutenção e boas respostas em baixa rotação: o torque máximo, de 15,4/15,6 kgfm, chega já às 2.500 rpm. Por esse motivo, o powertrain que é conhecido internamente como EA-111 ganhou o nome comercial de VHT (Very High Torque).

CÂMBIO DESFAVORÁVEL O fôlego em baixa rotação fica mais perceptível graças ao baixo peso do Gol, especialmente na versão duas portas avaliada, que fica em apenas 943 kg. O resultado é um desempenho muito bom em ciclo urbano: em algumas situações, parece até que há um propulsor mais musculoso sob o capô. Na estrada, onde é comum alcançar rotações mais elevadas, o 1.6 mostra-se mais limitado, mas ainda assim a performance é razoável,  mérito que em parte vai novamente para a leveza do veículo. O câmbio tem relações curtas, característica comum em produtos da Volkswagen, e mostra escalonamento correto, sem buracos entre as marchas. A 120 km/h, em quinta, o conta-giros registra 3.200 rpm, valor satisfatório para a cilindrada do motor. Porém, no mais, a transmissão automatizada de apenas uma embreagem decepciona.  As trocas só são suaves se o motorista estiver exigindo pouco do carro, pisando de leve no acelerador. Quando o pé direito estiver mais pesado, os trancos são inevitáveis e tornam-se ainda mais evidentes se o botão Sport estiver acionado. Além do mais, a central eletrônica não “entende” muito bem os anseios do condutor e costuma trocar de marcha em momentos indesejáveis. Ao menos há paddle-shifts no volante, para operar o sistema em modo manual. No mais, lembramos que transmissão I-Motion já foi alvo de um post específico; para saber mais, releia-o aqui.

vwgol1.62Os demais componentes mecânicos do Gol seguem a mesma cartilha: são simples, mas bem acertados. A suspensão é bem firme, outra característica comum nos modelos da marca.  O conjunto, que adota a tradicionalíssima fórmula de sistema independente do tipo Mc Pherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira, transfere grande parte das imperfeições do piso para o habitáculo, mas por outro, lado proporciona boa estabilidade em curvas, permitindo pouca inclinação e praticamente eliminando a rolagem da carroceria. A assistência da direção segue pelo mesmo caminho: é do tipo hidráulico, enquanto a tendência aponta para mecanismos elétricos, apresenta progressividade satisfatória, deixando o volante macio em manobras e firme em alta velocidade.

O conjunto mecânico foi responsável por números de consumo não mais que razoáveis, após várias aferições, sempre com gasolina no tanque. Na cidade, as marcas variaram entre 7,7 km/l e 10,6 km/l, dando ao Gol uma média geral de 9,5 km/l. Na estrada, com o mesmo combustível, o pior resultado foi de 10,4 km/l, enquanto o melhor foi de 14,1 km/l, com média de 12 km/l.  As medições foram feitas com o ar-condicionado ligado durante a maior parte do tempo. Como sempre, ressaltamos que o consumo de combustível é afetado por diversas variáveis,  tais como condições de tráfego, de pista e de relevo, além do tipo de condução do motorista.

vwgol1.614POR DENTRO DO GOL Dirigir torto é coisa do passado no Gol. Desde a reforma geral que estreou em 2008, o hatch tem volante e pedais centralizados em relação ao motorista. Característica que persiste é a posição baixa do condutor: não chega a desagradar, mas pode ser um problema para quem tem pouca estatura, mesmo com a regulagem de altura, que é item de série. A coluna de direção, por sua vez, não dispõe de qualquer tipo de ajuste, embora o volante proporcione boa empunhadura. Os bancos têm assentos muito curtos e são incapazes de proporcionar apoio correto para as pernas, mas os encostos acomodam bem a coluna. O painel também é ergonômico, com acesso fácil aos comandos e boa leitura dos instrumentos. O cluster, aliás, é completo e inclui o termômetro do motor, item raro entre os populares. A visibilidade é boa em todas as direções, os retrovisores são bem dimensionados e o do lado direito conta com a função tilt-down, que abaixa a lente para que o motorista possa ver o meio fio. Esse item, contudo é opcional. Os faróis têm parábolas duplas e iluminam muito bem. Há auxílio de luzes de neblina na frente a atrás, assim como repetidores de seta nos retrovisores, mas todos esses itens também são opcionais. Os limpadores atuam em silêncio, varrendo boa área.

O espaço interno do Gol é razoável. Quatro adultos de média estatura se acomodam sem sacrifício, mas os passageiros de trás ficarão com os joelhos espremidos se tiverem estatura elevada ou se os bancos dianteiros estiverem muito recuados. Também existirá aperto se a ideia for transportar três ocupantes atrás.  Ao menos as cabeças de todos não sofrerão com esbarrões contra o teto. Assim como ocorre em todos os veículos com apenas duas portas, o acesso ao banco traseiro não é dos melhores. Os vãos de abertura das portas dianteiras são grandes, abrindo espaço para a movimentação da turma do fundão. Mas seria mais cômodo se os bancos dianteiros tivessem um sistema de movimentação que incluísse também o assento, e não apenas o encosto.

vwgol1.6Quanto ao acabamento, o Gol está na média da categoria. Os revestimentos internos são em plástico rígido, com os bancos forrados em tecido sintético, porém agradável ao toque. Não notamos rebarbas, o que é positivo, mas constatamos alguns vãos irregulares nos encaixes, além de uma folga no encontro do carpete do assoalho com a borracha da porta direita.  O porta-malas tem capacidade até boa para o tamanho do veículo, de 285 litros, mas a boca do compartimento é alta, dificultando a colocação e a retirada de objetos. Além do mais, o batente, a tampa e a superfície posterior dos encostos traseiros não são forrados, deixando a lataria exposta a danos causados pela movimentação da carga. Outros modelos Volkswagen avaliados pelo Autos Segredos, como Voyage, Fox e SpaceCross, apresentaram o mesmo inconveniente.

MUITOS OPCIONAIS, POUCOS ITENS DE SÉRIE O pacote Trend é composto por direção hidráulica, sistema de som com entrada USB, leitor MP3 e Bluetooth, com comandos no volante, faróis com máscaras negras, aerofólio traseiro, chave do tipo canivete e alguns outros pormenores. O ar-condicionado é cobrado à parte, por R$ 2.780. Outros equipamentos, como rodas de liga leve, alarme e as já citadas luzes de neblina também são opcionais. Um exemplar completinho como o avaliado pelo Autos Segredos não sai por menos de R$ 40 mil, valor que coloca o Gol em uma faixa onde a concorrência é ampla e inclui rivais mais jovens.

vwgol1.634Na lista de itens de segurança, há o básico. Airbag duplo e freios ABS são de série, mas o banco traseiro dispõe apenas de dois apoios de cabeça e dois cintos de três pontos. O passageiro do meio fica vulnerável ao efeito chicote e protege-se apenas com um cinto subabdominal.  Outros equipamentos, como sistema isofix para fixação de cadeirinhas infantis e airbags laterais não são oferecidos nem como opcionais. Em nossas mãos, o hatch apresentou frenagens seguras, sem tendência ao travamento de rodas ou ao desvio de trajetória.

vwgol1.611BOM DE MERCADO, MAS NEM TANTO DE PREÇO Em termos mercadológicos, é fácil encontrar argumentos a favor do Gol. Trata-se de um carro bem afamado entre os consumidores, com baixa desvalorização e grande oferta de peças de manutenção. Além do mais, o modelo tem bom acerto de motor, direção e suspensão, o que contribui para uma tocada prazerosa. Porém, após nosso teste, dois pontos ficaram bem claros: o primeiro é que as versões equipadas com câmbio I-Motion ainda oferecem comportamento criticável, por razões já expostas no texto. As caixas automatizadas de apenas uma embreagem já sumiram de vários países, substituídas ou por sistemas de dupla embreagem ou por transmissões automáticas convencionais, com maior número de marchas. As duas soluções serão adotadas por compactos nacionais nos próximos meses, ampliando o poder de decisão do consumidor de modelos de entrada, que se quiser dispensar o pedal da embreagem no atual momento, pode optar apenas por mecanismos semelhantes ao da Volkswagen ou por automáticos de quatro velocidades. O segundo ponto é que o preço do veículo germano-brasileiro não se destaca positivamente, embora, verdade seja dita, não esteja fora da média praticada no segmento. Para enfrentar os futuros concorrentes, seria bom reduzir os preços ou ampliar as listas de equipamentos. Afinal, tradição é importante, mas não é capaz de fazer frente sozinha a custos-benefícios mais atraentes.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 8 7
Consumo(cidade e estrada) 7 6
Estabilidade 8 8
Freios 8 7
Posição de dirigir/ergonomia 8 7
Espaço interno 7 8
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) 6 7
Acabamento 6 7
Itens de segurança(de série e opcionais) 6 6
Itens de conveniência(de série e opcionais) 6 6
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 6 7
Relação custo/benefício 6 6

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ cm³ de cilindrada, 101cv (g)/104cv (e) de potência máxima a 5,250, 15,4 kgfm (g)/ 15,6 mkgf (e) de torque máximo a 2.500 rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automatizado de uma embreagem e cinco marchas

ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10,5 segundos com gasolina e 10,3 segundos com etanol

VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
188 km/h com gasolina e 190 km/h com etanol

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção

RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 6 x 15 polegadas, pneus 195/55 R15 (opcionais)

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 3,895; largura, 1,656; altura, 1,464; distância entre-eixos, 2,465

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 55 litros; porta malas: 285 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 440 quilos; peso: 943 quilos

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos (Fotos em movimento com tratamento de João Kleber Amaral)

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